Cinema Odeon - Clara Sverner e Paulo Moura
Selo Ergo, 1996


01. 03:23  Abre alas      
02. 01:47  O gaúcho      
03. 03:11  Pelo telefone      
04. 03:09  Batuque na cozinha      
05. 01:44  Se você jurar      
06. 03:23  Terna saudade      
07. 03:21  Odeon      
08. 03:11  Jura      
09. 03:13  Marreco quer água      
10. 03:15  Flor amorosa      
11. 08:09  Feitio de oração / Três apitos / Conversa de botequim      
12. 03:30  Carinhoso      


Neste disco, inédito no mercado (trata-se uma edição limitada feita por uma empresa carioca), Paulo e Clara selecionaram compositores brasileiros e suas obras mais representativas para construir uma evocativa ambientação sonora com as várias facetas da criação musical brasileira. Donga, João da Baiana, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazarreth, Sinhô e Noel Rosa compõem o repertório de um trabalho calcado na beleza melódica das composições e em interpretações contemporâneas e elegantes, marca absoluta deste duo de mestres. Cinema Odeon - Clara Sverner e Paulo Moura
Selo Ergo

Direção musical e arranjos: Paulo Moura

Gravação
Piano Steinway: Companhia dos Técnicos
Afinação: Gutemberg
Técnico (piano): Claudio Farias (Cia dos Técnicos)
Técnico (sax): Marco Aurélio (Estudio Nas Nuvens)
Assistentes: Marcito, Douglas
Saxofone Alto: Estudio Nas Nuvens
Técnico: Marco Aurélio

Edição
Fabio Henriques (Estudio Nas Nuvens)
Paulo lima (Estudio Nas Nuvens)
Eduardo Costa (Estudio Nas Nuvens)

Mixagem: Eduardo Costa (Estudio Nas Nuvens)

Assistência Técnica: Paulo Lima

Masterização: Ricardo Garcia
Assistentes de estúdio: Douglas, Marcito (Companhia dos Técnicos)

Produção: Doudou

Assistente de Produção: Vania Nogueira (Saga)

Capa: Muti Randolph
Assistente: Renata Alcantara
Fotos: Ricardo Elkind

Agradecimentos: George Randolph, Alberto Pittigliani
Clara Svernet e Paulo Moura


Quando dois artistas da estatura de Clara Sverner e Paulo Moura se encontram, não há dúvida de que algo de bom, de excelente, vai acontecer.
O duo, pela sua atuação durante anos em concertos e discos, não é apenas mais um encontro de dois talentos, mas um evento de indiscutível valor musical. Os discos do duo como por exemplo “Vou vivendo” e “Pixinguinha”, refletem a tendência inequívoca de releitura das obras de composição que deram vida musical a primeira parte do século. Os anos vinte e trinta, de maneira especial, são traçados nesses dois discos de maneira atraente, graças aos competentes arranjos de Paulo Moura e à perfeição interpretativa ds sua parceira.
É o perfil de uma época que foi a mais criativa, a mais rica, a mais homogênea, a mais cativante da história da nossa musica popular.
A seleção do repertório deste disco retoma o discurso dos anteriores, repelindo a produção fácil e imediatista das execuções lineares, e sim à cuidadosa elaboração dos arranjos, para que as obras escolhidas representem, com clareza meridiana, o pensamento do compositor expresso em linguagem instrumental moderna e sóbria.
Clara Sverner não precisa de apresentação, tão amplo é o espaço ocupado pelo seu interesse musical que se abre, como um grande leque estilístico, do Barroco à vanguarda. E, ainda, a sua paixão pela pesquisa musicológica que se consolidou numa quantidade de discos em qu avultam os dois álbuns dedicados à Chiquinha Gonzaga, e o dedicado ao compositor brasileiro erudito Glauco Valasquez, até então injustamente relegado a verbete de dicionário musical.
A brilhantíssima carreira do mestre Paulo Moura se irradia em várias direções, que vão do clássico ao popular, passando pelo jazz. Conhecido internacionalmente – assim como Clara – tem uma agente sempre repleta de compromissos, graças à seriedade de seu trabalho, que lhe conquistou o merecido prestígio como instrumentista, regente, compositor e orquestrador.
Neste disco, Clara e Paulo selecionaram doze compositores através de suas obras mais representativas e com eles se identificam, para construir a singela ambientação sonora que, na época, caracterizava as várias facetas da criação musical brasileira. Assim é o caso de Donga e João da Baiana, que integraram as várias formações de Pixinguinha, desde os Oito Batutas até as Velhas Guardas, de 1932 a dos anos cinqüenta. Donga dói compositor prolífico, autor de “Pelo Telefone”, primeiro samba gravado com esta denominação para o carnaval de 1917. Ismael Silva, por sua vez, liderou a primeira escola de samba “Deixa Falar” e Anacleto de Medeiros fez da banda dos bombeiros uma organização tão perfeita que sua liderança permanece até hoje.
A beleza melódica dessas composições é dominadora, e a maneira elegante e moderna com que o duo as repropôs faz deste disco absolutamente corente, pois existe uma correlação entre os doze números apesar de diferentes destinações e estilos; como as de Pixinguinha, Donha e João da Baiana, Joaqui, Antônio Callado, Chiquinha gonzagam Nazarreth e Sinhô e, finalmente, o próprio Paulo Moura, numa composição evocativa com o tema de Noel Rosa.

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