Itinerário

Sua produção iniciou-se nos anos de ouro das rádios num Brasil onde Rio de Janeiro era capital.
E as influências eram os grandes maestros populares
e arranjadores que dividiam entre si tendências do jazz americano de Stan Kenton, Benny Goodman, Horace Silver, e o lirismo da tradição italiana: Gnattali, Panicalli, Gaya. Ou a raiz de samba nas harmonias vibrantes
de Cipó, Carioca, Fonfon, Zacarias. Aprendeu muito cedo a ensaiar os naipes de uma orquestra até o apuro máximo dos timbres e das vozes. E isto você há de encontrar aqui. Os escritos, pensamentos, recortes, anotações, partituras, cifras, harmonias e melodias
de um grande arranjador popular. E que reviveu
K-Ximbinho, Pixinguinha, Caymmi, Cartola, Ataulfo Alves para as gerações que os sucederam.

Quando pisava os palcos do mundo sua presença era luz. O centro do palco, um púlpito. Seu trabalho em cena, a consumação de um ritual. Cada detalhe previsto, tecnicamente apurado, roteiros e sequências de temas impecáveis que tinham o espaço para o som e a comunicação com o público. Não tocava para si, ofertava sua música para os outros, como quem comparte o pão. E os extratos que demonstram este cuidadoso preparo você há de reconhecer aqui.
Itinerário (cont.)

Em Paulo Moura o compositor também se desenhou entre contrastes. A música erudita. dos temas clássicos de óperas e balés em que esteve mergulhado durante quase vinte anos em que ocupou a cadeira de primeiro clarinetista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, é a forma que seduziu os arroubos rítmicos de um homem mulato de olhos azuis. Os temas sinfônicos que redigiu, com solos para percussão popular, sax alto ou vozes infantis são refinados com os dos grandes compositores que cultuava. Beethoven, Boulez, Mozart, Stravinsky, Debussy, Villa-Lobos, Hindemith, Schoenberg, Webern.

As canções populares, dançantes ou melancólicas como se fossem para as gafieiras, desdobram-se em belíssimas harmonias, esparramando sons de blues, carimbó, choro, samba, maxixe, valsa, forró - e sempre retornando a Pixinguinha e Tom Jobim. As trilhas sonoras para filmes, os esboços para coreografias modernas, vídeos, documentos e fotos pessoais e de carreira. Tudo isto está à sua espera.

Halina Grynberg
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Itinerário

Os links deste site nos conduzem através dos fragmentos de um discurso estético musical.
Como todo grande criador, Paulo Moura é múltiplo
e único. Múltiplo, porque a abrangência de sua curiosidade infindável o levou a remover as camadas do que é supérfulo em cada momento da experiência cultural para dedicar-se a escavar a essência daquilo que denominava música. Alma da matéria, espírito, dom. Generoso e humilde. Transbordante e recatado. Mestre e discípulo. Preciso e emocional. Delicado
e poderoso. Intérprete exuberante. Um fluxo
de contrastes e cores.

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Conheça o Acervo Paulo Moura no Instituto Tom Jobim
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O Instituto Paulo Moura é um ponto de encontro para
a música instrumental do mundo, tendo o legado
de Paulo Moura como raiz. Em sessenta e cinco anos de vida profissional, o clarinetista e saxofonista, arranjador, maestro, compositor popular e sinfônico viveu o espírito de sua época (1932-2010) sempre alguns passos a frente. Criou duos, trios, quartetos, heptetos, pequenas orquestras populares, bandas de jazz e reinventou o som da gafieira. Caminhando entre a rítmica africana e a vanguarda americana e europeia, desenhou novas formas sonoras, tornando nossa alma mais brasileira. Sua obra é um solo fértil e sua produção é nosso guia para ações pedagógicas e culturais em torno da música.
1962
O LP "Tangos e Boleros” é lançado pela gravadora Chantecler com solos no sax alto e clarineta apoiado sobre playbacks de gravações lançadas anteriormente onde o destaque eram cantores como Ângela Maria, Albertinho Fortuna e Nuno Roland.

Como parte do grupo "Bossa Rio Sextet" Paulo Moura apresenta-se na Noite da Bossa Nova no Carnegie Hall. Os outros integrantes do grupo eram Sérgio Mendes (Piano), Pedro Paulo (trompete), Octávio Bailey (violoncelo), Durval Ferreira (violão) e Dom Um Romão (bateria). No mesmo palco estariam Tom Jobim, Stan Getz, João Gilberto, os irmãos Castro Neves, Agostinho dos Santos e Carmem Costa, entre outros.


Nesta ocasião, ainda em Nova York, participa do LP "Cannonball Adderley e o Bossa Rio". Cannonball Adderley era o mais destacado saxofonista alto jazzístico americano daquele período.


1964
Nasce Pedro, primeiro filho de Paulo Moura, em novembro. Seu nome homenageia o avô, Pedro Moura.


É lançado pela CBS, "Edison Machado é samba novo", um dos mais elogiados registros da bossa nova instrumental, com quatro faixas de Paulo Moura como arranjador, entre elas: "Só por amor". 


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