A clarineta do Paulo
Eliete Negreiros  
 

A música, como o amor
Faz nascer o sol,
Faz cair a chuva,
Faz tocar as estrelas.
Nossa alma bailarina se liberta
E dança e requebra
No embalo do choro,
Na clarineta do Paulo,
No choro do Pixinguinha
Que envolve o mundo
Numa quente e doce melodia,
Um abraço total,
Um acalanto choroso e malandro,
Um mormaço mulato,
Uma malemolência.

Rio, rio, rio:
Uma gargalhada ecoa pelas ruas da imaginação.
E passeamos pela Lapa,
Entre arcos e acordes,
Sonhando acordados
Um belo mundo
Que nasce do timbre encantado da melodia
Que brota da clarineta acrílica do Paulo Moura,
Clarim que rasga o vestido de baile da noite
Numa gafieira estelar
E anuncia a nudez esplêndida
De um outro dia.