Correspondência de Genebra
Paulo Moura
O Globo
 
 

Genebra (De Paulo Moura, especial para a coluna Música Popular)
São três horas da madrugada. Acabamos de fazer a primeira apresentação. Foi muito bem recebida. A Suiça é ótima; Genebra, uma cidade tranquila e limpa; pessoas delicadas e atenciosas; fortunas incalculáveis e misteriosas; operários estrageiros e eficientes; muita rosa, pouca prosa.

Tocamos mais do que o combinado, não só pelo calor da apresentação. Também havia alguns brasileiros presentes. A casa estava bastante cheia. E o dono do Via Brasil (Paris) veio nos assistir. Partiremos cedo para a temporada de 15 dias lá na França, deixando este país tão organizado, mas tão curioso.

lnteressante saber que neste país os casais evitam tanto o nascimento de herdeiros. Talvez por isso existam tantos cachorros na rua. E os estrangeiros, sem uma mínima possibilidade de ascenderem socialmente, mandam brasa (ou veem menos televisão, ou dormem cedo e enchem suas casas do fiIhos), poderão ser maioria num futuro por ai. A valorização constante da moeda é uma ameaça crescente. Ou a valorização crescente da moeda é uma ameaça constante? Talvez seja a mesma coisa.

Homens servem ao exército dos 18 aos 50 anos. Eu não sabia, por isso estou tão admirado de tudo. Mas vamos imaginar essa lei instituída no Brasil. Por exemplo, um Sargentelli ou um Cachimbo (ou nós dois) servindo três semanas por ano às Forças Armadas. O Copinha, nessas alturas, seria a mestre da banda do Forte de Copacabana".

O maestro Paulo Moura está em Paris, integrando a conjunto de Martinho da Vila numa excursão de um mês pela Europa. A primeira apresentação foi em Genebra, de onde a grupo partiu para a França. Foi de Genebra que Paulo Moura - nomeado correspondente desta coluna - deu as primeiras informações sobre a viagem.